sábado, 4 de dezembro de 2010

O HOMEM e a SOCIEDADE


Artigo I – “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas as outras com espírito de fraternidade.”

Declaração Universal dos Direitos Humanos

De um modo geral, todos os artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos sinalizam uma profunda reflexão sobre os ideais comuns a serem atingidos por todos os povos e nações.

Segundo Sidney Oliveira, autor do livro “Geração Y”, estamos conhecendo o surgimento de uma nova era, que se estabelece em tempo menor. Percebemos estas mudanças quando avaliamos a história da humanidade.

No inicio do século passado o país considerado mais rico e com melhor padrão de vida para seus habitantes foi a Inglaterra porque possuía o melhor sistema educacional e força militar mais fortes do mundo. No decorrer de 100 anos esta “indicação” foi gradualmente transferida para os Estados Unidos, considerando que a globalização da economia dos últimos anos distribuiu este “conceito” entre as novas forças “adormecidas ou bloqueadas” no período pós-guerra. Estes paises esqueceram que os paises orientais, Índia e principalmente a China, concentravam 33% da população, da “força humana” mundial que altera completamente o cenário atual.

O autor analisa a conjuntura e divide a História da Humanidade em “Eras”:

· Era da Agricultura ( até 1776 )

O principal valor atribuído ao ser humano neste periodo estava associado a posse de terras: os nobre reis comandavam os interesses das pessoas ( época de Hobin Hood ). Período de grandes revoluções políticas, principalmente na França e Estados Unidos.

· Era do Artesanato ( até 1860 )

Aconteceram vários movimentos culturais no período de transição entre essas duas eras, muito presentes durante as revoluções. Suas características ficaram mais acentuadas com o movimento de libertação dos escravos promovidos em diversos paises. As pessoas começaram a perceber que era difícil associar o valor de uma pessoa unicamente á posse de um território. A condição de “MAIOR VALOR” migrou para a “FORÇA DE TRABALHO”.

· Era da Revolução Industrial ( até 1970 )

Foi um tempo de muitas transformações causados pelos movimentos sociais: as inovações e avanços tecnológicos, associados aos novos modelos de organização do trabalho, a grande depressão da economia mundial e as duas grandes guerras mundiais, promoveram a transição “ da força/valor do trabalho para a POSSE do CAPITAL“. Os paises deixaram de se basear em um bem tangível como o Ouro e passaram a se apoiar no “dólar americano”, uma moeda com valor intangível, sujeita as variações cambiais de cada país.

· Final do século 20

A velocidade e a sofisticação das transações comerciais internacionais associadas a aceleração do crescimento populacional promoveram avanços tecnológicos e tornaram-se expressivos: a INFORMAÇÃO tornou-se VIRTUAL e INTANGIVEL , o PRINCIPAL VALOR QUE UMA PESSOA PODERIA POSSUIR.

· Era do CONHECIMENTO ( até 2000 )

- “ A informação passou a ser o único valor de fato “;

– “ ABSORVEU OS VALORES DAS ERAS ANTERIORES”.

Ex.: O capital representado pelo saldo financeiro em um extrato de conta bancária; a posse de um terreno registrado em uma escritura de cartório; a qualificação para o trabalho expressa por um certificado ou diploma.

· Era das CONEXÕES ( ATUAL - a partir de 2000 )

O valor da Informação foi “alterado”. Hoje o principal valor está associado “as pessoas que possuem relacionamentos”.

Toda a tecnologia do crescimento dos meios de comunicação, sobretudo telefonia e Internet são acessíveis; as pessoas podem ter acesso as informações por meio de mecanismos de pesquisas ( GOOGLE, emails, MSN, rede de relacionamentos – orkut, faceboock,etc ). Tornou-se difícil identificar o que é certo ou errado porque direciona decisões e escolhas; experiências felizes ou infelizes de relacionamentos que confundem as pessoas e provocam reações diversas.

O autor destaca que chegamos ao tempo em que conhecer a pessoa certa, na hora certa com aquilo que Vc precisa, “não tem preço”.

As mudanças geralmente provocaram algum tipo de reação e ou sentimentos de insegurança causadas pelas incertezas geradas pela ruptura das rotinas e do estado de conforto.

Negar a manutenção da mudança significa que não queremos abrir mão das pequenas conquistas, sacrifícios e ou escolhas que nos permitiram alcançar um grau de estabilidade aceitável.

É durante o processo de resistência que apresentamos nossos argumentos para que haja as Mudanças necessárias, debates e trocas de opiniões e experiências são necessários para que esta Nova Idéia seja melhorada, ampliada e otimizada e desta forma enxergar com mais amplitude os cenários futuros.

Quando ampliamos a nossa consciência sobre as novas realidades as reações começam a ser mais favoráveis: sair da resistência e começamos a nos preparar por meio da exploração dos fatos, abertos para todas as possibilidades: custos, benefícios, dificuldades e desafios deste novo cenário. É necessário o “envolvimento” de todos os que serão afetados pelas alterações do cenário.

Sendo assim, o atual cenário aponta que nós, educadores, estamos diante de um grande desafio: o que fazer numa sociedade tão embrenhada em “des-valores ou valores mesquinhos”, como o consumismo, a violência, a busca por levar vantagem em tudo, a desonestidade; enfim, como podemos agir de forma transformadora?

De um modo geral os profissionais não consideram “ a identidade” das cidades onde atuam, das regiões específicas onde vivem as pessoas, a dinâmica tecnológica e a história comunitária, onde se criam as crianças e os jovens.

É preciso destacar algumas frases do grande educador e pensador brasileiro do século passado que, de forma clara, concisa e sutil sinaliza uma resposta viável: a Educação. Segundo Paulo Freire,

“... somos seres condicionados, mas não determinados (...) A História é tempo de possibilidade e não de determinismo (...) o futuro é problemático e não inexorável (...) mais do que um ser no mundo, o ser humano se tornou uma Presença no mundo, com o mundo e com os outros. Presença que, reconhecendo a outra presença como um não-eu´ se reconhece como ´si própria´. Presença que se pensa a si mesma, que se sabe presença, que intervém, que transforma, que fala do que faz mas também do que sonha, que constata, compara, avalia, valora, que decide, que rompe. E é no domínio da decisão, da avaliação, da liberdade, da ruptura, da opção, que se instaura a necessidade da ética e se impõe a responsabilidade.”

( Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, 1996)



“Agora me parece que o homem não está só. Em suas mãos elaborou como se fora um duro pão, esperança, a terrestre esperança.”

Pablo Neruda

As palavras deste poeta “também” precisam ser incorporadas em nossa vida cotidiana. Precisamos construir uma “prática profissional” movida pela Esperança, audácia, criatividade e respeito a pessoa humana, multiplicando valores éticos e desta forma manter vivos o debate e a luta pelo respeito a vida. O objetivo de cada individuo e de cada órgão da sociedade é se esforçar, através do ensino e da educação continuada e promover o respeito a esses direitos e liberdades para assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal através da adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional.

Esse processo é “uma longa caminhada”, pois trata-se da desmistificação e aprofundamento das questões ligadas a Cidadania e aos Direitos Humanos. O papel da Universidade e da sua docência é fundamental para a transmissão destes valores, para uma educação permanente e persistente no sentido de validar uma cultura comprometida com os valores da vida, base para o fortalecimento dos pilares Éticos, de uma sociedade mais justa.

Essa “ troca de energia " é um novo tipo de capital, o chamado "CAPITAL SOCIAL". Precisamos formar este CAPITAL SOCIAL e ter "perseverança", fazer a nossa parte para que este processo “adquira sua própria dinâmica”.

É com estas afirmações que desejo contribuir para a construção de uma educação para a vida, cidadania, trabalho e participação. Através desta oportunidade fazer “parte deste empreendimento e contribuir neste processo de Mudança de Valores” e promover uma formação acadêmica baseada no desenvolvimento humano e social sustentável.

Talvez seja este o aprendizado mais difícil: manter o movimento permanente , a renovação constante, a vida vivida como caminho e mudança “.

MARIA HELENA KUHNER

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